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Ciclo, parte II





  • Ressenti o esforço desta pesada caminhada, após uma subida de um longo morro. Dispus-me de um cigarro a apalpar contemplando o que desta maldita ruela ainda faltava a percorrer. Era uma manhã fria com uma densa névoa, na qual meu fumo tinha apenas uma figuração tênue, um dia frívolo e calmo; gosto disso. Tornar-se-ia um simples antiquário, me pondo subitamente de pequenas recordações, porém recusei esta oferta climática, optei-me pela brisa; melhor ainda, escolhi vácuo; um vazio externo, visto que internamente minha mente fruía da minha calma respiração. Fisicamente meu corpo era um sistema fechado, impenetrável.

  • Quando dei por mim, vi que o cigarro tinha apagado; não havia chama, apenas um toco de cinzas que se esfarelava na minha palma... Um passado cinzento, eu pensei, que por minha escolha tornou-se incerto, e que decerto o vento encarregou subitamente de transpor estas escórias. Foi-se feito e assim bastava ser refeito; dizem que viver mais é viver menos; transpirar, abrasar e consumir! _Acendi mais um cigarro.

  • Queimar é o de menos, o incomodo é quando há de se engasgar... Nesse meio tempo descubro que sou volátil e que caminho menos a cada misera tosse, mas eu gosto de atitudes furtivas! Quem não gosta?

  • Meu veredicto está em chamas, dizem que é crime ideológico... Acredita?

Comentários

Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
Essa paisagem descrita fez com que até eu me transformasse numa pessoa pensativa e preocupada com o passado e pouco interessada no futuro.
Ah! Quem me dera uma manhã fria e cheia de névoa para me fazer repousar longe desse meu estresse urbano diário...
Adorei o texto e ainda mais a figura. Adoro aquela figura. "Isso não é um cachimbo", assim como vários issos não são o que pensamos que é. Bem legal mesmo.
Beijão
Anônimo disse…
vou dizer algo que nao tem nada com o que voce escreveu ou mesmo com o "isso não é um cachimbo" do desenho; eu queria muito um cachimbo e aneis de fumaça!
Leonardo disse…
"Figuração Tênue". E engraçado, estas coisas que se apresentam na poesia e que no dia a dia, se perdem. Na escrita, tudo e belo, e não tem acumulo de luz local!

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